
VENDA DE RESERVAS DE CHIPRE TIRA BRILHO AO OURO

VENDA DE RESERVAS DE CHIPRE TIRA BRILHO AO OURO
Após mais de uma década em alta, a cotação do metal precioso sofreu a maior queda em 30 anos, perdendo 12,5% em dois dias
Tempos de crise são, em regra, tempos de alta para o ouro, com os investidores a procurarem proteção contra a incerteza no metal precioso.
O estatuto de valor-refúgio foi, aliás, decisivo para a tendência de alta dos preços do ouro, que dura há mais de uma década.
Mas, desta vez, a crise no Chipre está a ter o efeito contrário.
Tudo por causa da intenção — já confirmada — do Governo cipriota de vender parte das reservas de ouro do país (cerca de €400 milhões) para contribuir para o plano de resgate cofinanciado pelos parceiros internacionais.
Temendo um rápido aumento da oferta, com a entrada no mercado do ouro cipriota, a reação dos investidores foi imediata.
E negativa.
Até porque, o grande receio é de que este caminho seguido em Chipre possa vir a ser adotado em possíveis resgates a outros países da zona euro em dificuldades, o que inundaria o mercado de ouro.
A revisão em baixa de várias projecoes para o preço deste metal precioso, nomeadamente por parte do banco norte-americano Goldman Sachs, também penalizou o sentimento no mercado.
Resultado: a cotação do metal precioso caiu cerca de 12,5% no espaço de dois dias, sofrendo a maior queda em 30 anos.
E o ouro fechou a sessão de terça-feira nos 1380 dólares por onça, o valor mais baixo em mais de dois anos, e 27,2% abaixo do pico registado no início de setembro de 2011, quando os preços de fecho diário atingiram 1895 dólares.
As ações das empresas mineiras também foram afetadas, com o preço a cair na sequência de um movimento generalizado de venda.
Agora, a questão para um milhão de dólares entre os analistas é se esta queda da cotação internacional do ouro marca o início do rebentamento da bolha neste mercado, ou é apenas um percalço na evolução dos preços, que pode proporcionar uma oportunidade de compra aos investidores.
As opiniões dividem-se.