Documento da troika mais favorável à Irlanda do que a Portugal
HELENA GARRIDO*
helenagarrido@negocios.pt

 

O documento da Troika e do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) sobre o aumento do prazo de pagamento do empréstimo externo faz apreciações mais favoráveis para a Irlanda do que para Portugal.

Uma assimetria no tratamento dos dois países que se identifica no documento, revelado pelo Financial Times, em informações pormenorizadas que dão sobre o regresso de Portugal aos mercados, mas que não são facultadas no caso da lrlanda.
E tão depressa classificam como um "sucesso" esse regresso dos dois países como mais à frente afirmam que no caso português o acesso é "parcial e oportunístico".

 

O exemplo: afirmando que quer a lrlanda como Portugal acederam ao mercado internacional de obrigações, sobre a emissão portuguesa a cinco anos descrevem com pormenor quem a comprou - para dizerem que se concentrou nas mãos de investidores especulativos - enquanto no caso irlandês não há qualquer informação sobre o assunto.
Os dois países fizeram emissões sindicadas, tendo a Irlanda realizado duas - uma a cinco e outra a dez anos - enquanto Portugal apenas fez uma, a cinco anos, a que se soma a operação de troca.

Dada a actual volatilidade dos mercados recomenda-se uma rápida [extensão das maturidadesl.
DOCUMENTO
DA TROIKA E FEEF

 


Começando por dizer que a classificação de risco de Portugal limita a base de investidores potenciais, refere que 93% dos que compraram títulos na emissão sindicada foram estrangeiros, nomeadamente norte-americanos.
Mas não se ficam por aqui.
Prosseguem dizendo que "uma parcela invulgar da emissão foi comprada por investidores especulativos, como liedge funds' (25%) ougestores de activos" registando-se "uma participação extremamente baixa de investidores tradicionalmente mais estáveis, bancos centrais e outras instituições oficiais (apenas 4% de seguradoras e fundos de pensões)".
Sobre quem comprou a emissão irlandês aos técnicos que elaboraram o documento não dão qualquer informação.

Logo no início do texto classificam o regresso aos mercados dos dois países como um "sucesso", mas quando mais à frente analisam o caso português já afirmam que o "acesso ao mercado foi recuperado, mas apenas parcialmente e de forma experimental".

 

Registe-se que uma emissão sindicada permite que quem a coloca, neste caso Portugal, escolha os investidores.
E a escolha é feita, como explicou a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, segundo critérios que conciliem a maximização da liquidez com a minimização do custo do financiamento com garantias de que a rentabilidade é sustentada
Ou seja, que após a emissão o título não desvaloriza

A nota técnica da troika e do FEEF, que é dirigida ao Comité Económico e Financeiro, analisa as opções de extensão das maturidades dos empréstimos do fundo do euro e do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (MEEF) e recomenda os sete anos como aquela que melhor concilia os interesses dos devedores e dos credores.

 

O documento de 12 páginas conclui defendendo que a decisão sobre a extensão das maturidades seja tomada e concretizada rapidamente para proteger a Irlanda e Portugal de possíveis efeitos de contágio no actual quadro de volatilidade dos mercados. * com av e na